sábado, 30 de abril de 2011

"((V))" - (Poema)





vivo vazando em vazões vagas
em vagas vigiadas
vivendo a vileza do vil velejando
vaticinando a vã vadeação do vilão vagabundo
Vagalume vespertino no vagão da viagem
vaidades em valas vienenses
e vanglórias vampirescas e velozes
vendadas viúvas de vitupérios vivazes
vodus vociferantes voejam voláteis
vontades vórtices, voyeurismos vulgares
vulneráveis vultos virtuosos
virulentos e viróticos
viril virgindade vitimizada da virago
vibração viperina em violetas violentadas
vidradas, verberadas por verdugo verborrágico...
DG
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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Caminhos - (Poema)




Queria estar em mim agora
Poder perguntar: por onde andei?
Por quais ruas, por quais vias?
Porque eu via... havia?
Não sorria...


Mas, por onde é mesmo que eu ando?
Que não me acho... que me escondo
De ti, de mim, de nós...
Os nós... desatem os nós...
Desfaçam a sós,


Porque não sei bem agora o que vejo
Se é o que eu bem desejo
Se o desejei, ou não
Se outros o fizeram por mim ou por meu coração...


Se é o que eu queria... desejaria?
Se eu o quis, chama-lo-ia feliz?
Feliz? Agora eu sei por onde ando,
Mentindo, iludindo, enganando...
DG
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quinta-feira, 7 de abril de 2011

O amor




                               "God loved the birds and invented trees. 
                               Man loved the birds and invented cages."
                                                 Jacques Deval





Deus é tão seguro (óbvio!) que seu amor permite a liberdade do gozo e da verdadeira felicidade da vida. 


O homem, por sua vez, mesquinho e covarde, necessita aprisionar o objeto do seu "amor". Porque para o homem, o alvo do amor é apenas um "objeto para a sua contemplação exclusiva".


Quando o homem assimilar que amar é doação, em contrapartida à sua possessão doentia, terá compreendido o maior dos mistérios e sentidos da vida. 


Nesse dia, dispensaremos os noticiários... porque não haverá mais sangue para ser exibido como "espetáculo".
DG
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quarta-feira, 6 de abril de 2011

A jornada

          26 de Abril de 2007 - Projeto Beira de Estrada  -  Rota Sul e Centro-Oeste
              Foto: Leo Drumond / Agencia Nitro Leo Drumond / Agencia Nitro


Verdade é que quando se segue por uma estrada, sem fazer as devidas e necessárias escalas, nem tomar caminhos alternativos para ver paisagens pitorescas e inusitadas, chega um momento em que a via, antes asfaltada e bem nivelada, vai perdendo a casca lisa, rompe-se, desaparece... e a terra vai aparecendo, suas irregularidades, a vegetação vai tomando conta e estreitando, estreitando, estreitando até que não há mais estrada.

Mata fechada à frente. Nada mais. Como transpor essa barreira que parece tão fechada, 'muro natural' com altura elevada impedindo a visão do que há por detrás? Oferece a impressão de que a jornada encontrou seu derradeiro instante. Retornar não parece bom, porque já viemos de lá e não vimos nada... Será que não? Porém, no retorno muita vez na busca pelo entroncamento preterido em algum trecho, outros caminhos encontramos a percorrer.
DG
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sábado, 2 de abril de 2011

A nota







Queria escrever a minha nota perfeita de suicida.
Aquela que não pedirá mais nenhum retoque, nenhuma revisão.
A nota que dirá tudo e com poucas palavras; assim como me fora a vida: com pouco e sendo tudo.
Porque para alguns, não se é dado muito, porque algum ser superior julgou que não deviam receber mais que o mínimo, o frugal.
Todavia, ao ver que no mundo muitos deméritos receberam mais do que realmente lhe caberiam, por total inaptidão a uma vida sincera e honesta, chego à conclusão irretorquível que há mesmo algo de muito equivocado com as leis daquele 'de cujus'.
E com a mesma frugalidade de seus benefícios para com minha jornada terrestre, reafirmo a necessidade de uma nota breve, mas eloqüente.
Que não sobre nem falte. O essencial.
Como, entretanto, ainda não me fora dada tal capacidade para redação tão peculiar, ficarei ainda a buscar o melhor texto, ou perto desse tal e qual.
Enquanto isso, ficarei ainda  a espera do dia fatídico e da abreviação do que já não faz mais sentido.
Viver deveria ser um prazer; quando se torna uma simples obrigação, perde-se absolutamente a cor e a beleza, se é que existem tais luxos para alguns julgados e condenados a se tornarem deméritos.
Queria escrever a minha nota perfeita de suicida.

(Diário de um suicida)
DG
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