segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Por que pensar, então?





mas, então, o que será a vida?
uma história?! uma jornada?! um caminho com idas, voltas...?
então?
a vida é dura?


mas o que é ser dura para uma coisa que ainda não se explicou???
como classificar ou qualificar o que não se sabe??? dura a partir de que ponto de comparação??? econômico - poder - emocional...?


e quem é esse Deus que criou um mundo onde as melhores coisas "parecem" ser reservadas aos que não "parecem" ser as melhores pessoas???
e o que são as melhores coisas??? estariam no consenso de se desejar o mesmo que parece confortar alguns "favorecidos" ???


porque um mundo cheio de coisas maravilhosas se é necessário "reserva" para conhecer delas???


por que será que o tal "povo de Deus", que fica lá entoando seus cânticos em igrejas lotadas e pastores com intenções duvidosas sofrem o diabo, enquanto os que sequer passam em frente dela desfrutam de benesses - que teriam sido criadas pelo tal Criador, pois que esse criara tudo - afinal, para quem Ele as criara??? 


quem é esse Deus que brinca com uma espécie inteira, que deixa os bons sofrerem até o último suspiro e os maus vencerem??? e para Ele, quem são os "bons" e quem são os "maus"??? - e se não passarmos de simplesmente o Seu 'formigueiro' em pote de vidro para a Sua diversão???

quem é esse Deus das religiões que "ama" o povo mas envia o próprio filho para sofrer torturas por esse tal "povo amado"??? não seria mais lógico imaginar que se Ele fez isso com o filho, o que fará da espécie asquerosa que "desonrou Sua família" - para mim, sim -???


a vida na Terra é a vida depois da Terra???
mas quem estará certo: os que acreditam na vida além da vida ou os que defendem que acaba tudo???
e qual deles consegue provar suas teorias???


é para ser feliz agora ou esperar a "pasagem"??? e se não houver nenhuma???
(os que viveram se autoflagelando à espera do paraíso teriam sido enganados???)
e o que é ser feliz??? uma ilusão, uma história que se inventa "para ser feliz"???






por que no cinema, de uns tempos pra cá, quem vence é o bandido, o anti-herói???
seria a representação da vida - maxi realíssima???

por que representantes do povo em muitas das nações são corruptos, trapaceiros, fraudadores, prevaricadores, fazem negócios escusos e espúrios invariavelmente para defender os próprios interesses - e se são representantes do povo (por mais que um povo se arrogue a capacidade de saber votar) estaria de fato "representando o povo em seus mais ocultos e assombrosos desejos"???????????


a vida é essa história que se conta nas mesas de qualquer lugar - bar, restaurante, casa de amigos, ambientes de trabalho etc - para preencher o vazio daquele momento???






então, o que é a vida??? essa história que se inventa??? o nada por trás dela???
o passar pelo tempo, como no reino dos animais e vegetais???
ser feliz é atingir metas???
viver é atingir metas???
ser feliz é viver ou viver é ser feliz??? ou são coisas distintas que insistimos em unir pra ver no que dá???


(xiiiiiiiiii estou vendo pelo retrovisor os clichês do politicamente correto, do moralmente aceito...)

Por que pensar, então?

DG

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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Intelligentia (Poema)




Eu já estou até às tantas
Com tantas e tais inteligências
Que irrompem e explodem dos bueiros!
É o propalar de um atoleiro vozerio
Um ruminar de todo mundo
Que diz querer o mundo salvar
Omite, entretanto, egoísta
Que é o seu particular
individualista íntimo
A pretender salvaguardar
seu mesquinho universo único.


DG
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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Ex isto (Poema)





Para existir
ser       outro
mudo o vir
mudo o ver

estáv'eu morto
existo
          ser
                ex
                     isto






DG
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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Sino (Poema)




O Pedrinho agora na sombra
não tem sombra... assombra
O Pedrinho agora sobra
nas lembranças de outrora


Entorna o Pedrinho sobre mim
Entorna o Pedrinho sobre ti
Entorna que ele torna
e retorna e a sombra
outra vez... mais uma vez


- Pedrinho! Venha cá, menino!
  Eita criança levada
  Não vê que é só um sino
  e suas treze badaladas?


Vem que tá na hora
na sua hora!
Pedrinho...



DG
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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Salvação (Poema)






a celebração no auge
do alto da torre 
que protege e encarcera...


celebrar no que tange e encerra
de dia a luz; 
na noite esculpida em granito 
por doces bárbaros, 
por gritos, 
por entalhes 
e atalhos 
nos talhos d'alma lúgubre...


e insiste e assiste e ampara e nega, 
depois um'outra vez... 
e noutra implora e pede e roga 
por 
sal
va
ção.


DG
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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Lágrimas (Poema concreto)






                O   O
                   ^
             C         L
       H                     Á
  O                               G
       R                      R
            A           I
                  M     
                  A
                  S
                    c
                     O
                      r
                        r
                         e
                           m




DG
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Tempo tempo tempo tempoooo (Poema)









E o tempo não se esgota quando quer falar de si. Promove debates, embates, achincalha-se para se autopromover.

Reduz, amplia, assume e some.

E o minuto da dor? E o minuto do micro-ondas? E o minuto na sala de espera?

Por que é tão maior que o minuto pra concluir uma prova? E quão reduzido é o minuto pra se arrumar? E esse minuto que antecede uma apresentação (ele voa)?

Que relógios contam o minuto quando o tempo está contra a gente? Que relógios milagrosos dão ao minuto 3600 segundos quando não precisamos dele e apenas um nanosegundo quando um tempo largo é tudo pelo que daríamos a vida?


perco um tempo
peço um tempo
posso um tempo
passa um tempo

pende o tempo
preme o tempo
parco o tempo
pinta o tempo

[ex]põe o tempo
[es]panta o tempo
[em]paca o tempo
[em]pala o tempo

DG
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Ca-O-s-ên-Cia (Poema)





ausência, mudez
desordem do que não está
do que nem pode ser
dedos que não acham superfície


abstracionismos
abstratos abismos
abre extratos de si mesmo


abranda tudo que se transforma
e amorna
amora silvestre, veneno


na ausência, cativo
presença, subversivo
fim que não começa



caos desde sempre
causa esse desdenhar
de coisas rotas
das rotas das coisas...



DG
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Breve reflexão sobre o amor

          riscos





         o risco do amor, de deixar o outro entrar, é que, uma vez dentro, ele pode...
         pode te ferir, pode usar o espaço que o afeto cedeu pra machucar... 
         é, pode acontecer e acontece... porque as pessoas são frágeis, porque
            falamos de amor, mas ñ estamos prontos para ele. 
            mas, então... que fazer? 
         deixar de correr o risco? deixar de abrir o peito? esquivar-se do 
         gume que te fará jorrar sangue? não.
            deixemos a dor cumprir-nos no tempo e não recuemos... 
         antes doer-se inteiro que anestesiar-se à custa da mediocridade. 
         apequena-se quem aproveita o amor para ferir, apequena-se... 
         mas... só sabe amar deste modo. Então...

          Por Alessandra Soares Cantero
          (fonte: alessandrateresa-ocd.blogspot.com/2011/09/riscos.html)


(reflexão que fiz após ler o post da minha amiga Alessandra acima)


como muita coisa nesse mundo vai mudando, alterando, perdendo e ganhando conotações, perdendo e ganhando terrenos estranhos... 
o amor, essa pequenina palavra bem equilibrada entre consoantes e vogais, morfologicamente tão comum, que começa com os lábios separados de si para se fechar na conclusão, ficando apenas um ruído surdo ao fim... (quase representa o sentido que se lhe dão os humanos)


amor é uma palavra e como tal deveria expressar um sentimento... não o faz.
não é culpa sua. não!
ela não tem culpa de ter sido criada. os homens geram filhos e não os orientam... o amor não foi orientado.


mas, como palavra de vida pública que é, todos fazem dela o uso que melhor lhe convier... e muitas, muitas vezes, convém apenas àquele que dela se apropria.
apropriar-se de uma 'palavra'? não! apropriar-se do que para ele - o sujeito - acredita que ela traduza ou expresse.


esse amor, apropriado, não deveria se chamar amor. Expropriam-na daquela que deveria ser sua única significação. podia chamar-se qualquer coisa. não amor. 
ou então, para o 'amor' tal qual eu penso é que deveria receber nome novo.


o amor dói quando não é amor, mas quando é empréstimo.
se o indivíduo entrega o que tem de mais precioso para o outro tomar conta - para apenas tomar conta! - ficará, incontinênti, cioso daquilo.
procurará vigiar, espiar sempre, exigirá balanços periódicos, satisfações dos atos impingidos àquilo que ao outro entregou com temor.


mas, temos já muito bem debatido e concluído que pessoas se unem a pessoas com interesses afins. e quem entrega o que de mais valioso possui a outro acreditando que o outro lhe cuidará com zelo tal como ele próprio o faria, esquece-se, muita vez, ignora completamente que o outro também possui algo muito valioso para o qual dispensará mais atenções.
amor não deveria ser assim.


amor é doação, é entrega, é dar ao outro aquilo que ao outro fará bem. se ele não usar de conformidade para a sua própria alegria, ele perderá a oportunidade única de ser feliz.


amores - tal como se pensa que o são - vêm e vão. o tempo todo passam pelas janelas de nossas existências. alguns entram e sentam conosco na sala de estar. poucos dividem nossas intimidades e nos acompanham para a cozinha ou outro lugar mais aconchegante. muito poucos ainda o merecem.


o amor - o que deveria ser o verdadeiro - é universal e está representado na doação que Deus nos fez ao conceder-nos a vida. o que fazemos dela, é responsabilidade nossa. Mas Ele não nos desacompanha. Se lhe darmos as costas, Ele ainda cuidará para que não sejamos atacados por traição. Se lhe negarmos o amor, ainda assim Ele não se machucará, porque o amor - esse sim - é maior que os sentimentos mesquinhos da posse e da exclusividade.

DG

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sábado, 17 de setembro de 2011

Camadas (Poema)






meus mesmos olhos
que afundam
aprofundam
interpretam
interpelam
desvelam
revelam


meus mesmos olhos
reconhecem
despem


artimanhas
barganhas
façanhas


de si para si


no tempo da minha ingênua idade
infância das mentes imaculadas
cria em olhos repousados na couraça


com o rompimento dessa inocência
o espírito perscrutando essência
em tudo que vasculha a nódoa ele acha


tua nobreza
e tua vileza
atadas num único e vicejante nó
não passam mais despercebidas
pois que integram toda a tua vida
sendo em camadas uma coisa só.


DG
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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Esquece... repete (Poema)






a vida é algo inexorável... ela acontece...
ela vai acontecendo...
ela cresce...
cresce em história,
em estrada,
em estrados,
ela cresce...


e quando parece que só fez estragos,
esmorece,
carece,
esquece,
esquece-se,


leva pro espaço e mostra tudo outra vez
lá de cima,
tudo tão distante,
parece bastante
parece bonito,
parece não ser perigo,


depois,
ela arremessa,
arremete,
arremeda


e tudo uma outra vez se recicla e se repete


DG
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Re - ciclo (Poema)






tudo à to - a
numa boa
olhe pra trás
o que lhe dá?
só - ri - so


ri ago - ra
'stá de fora
do que um dia
sem alegria
o pranto fez


quando  pas - sa
tudo é  graça
você rechaça
e que só nasça
um ciclo novo


reciclo novo
reciclo novo
reciclo novo
reciclo novo

DG
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terça-feira, 13 de setembro de 2011

O tempo é esse instante (Poema)






o tempo é esse instante... é esse instante... é esse instante...
não dá, não consigo aprisionar o tempo,
ele me aprisiona.

olho para trás, ele ficou translúcido;
para frente, ele é difuso...



o tempo,
gasto tempo ao pronunciar o tempo...

gasto tempo, ao pronunciar o que quero fazer e não faço...

gasto tempo fazendo errado o que eu sei que está errado (e penso que não tenho 

      tempo pra fazer o certo, porque levaria tempo pra aprender o certo...)
depois, gasto tempo tentando consertar o errado...


tempo, por quem me tomas
                      se me tomas de assalto?

o tempo me assalta e leva de mim o tempo que já não me pertence por fazer dele 
      pouco ou inadequado uso...


ele só leva o que é dele;
mas eu precisava desse tempo...
um pouquinho mais de tempo

desse tempo...

DG
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Tarde (Poema)






e nesses instantes?
sonhar, talvez mais
quem sabe...
sonhar ou paz... 
tarde...


bem tarde, vou olhar para trás
e não sei bem o que verei...
tudo o que foi, no passado jaz


não terá sido sonho se errei
terá sido sono, talvez?
quem sabe, de olhos abertos
despertos?
desperto?
sonhos... sonhei... vivi?


verbo invade
sarna nessa carne
me coça, acossa...
sarna nessa carne
nas costas o peso da tarde
dos meus dias... longínquos dias


nem de alegrias
nem de tristezas
nem dúvidas
nem certezas...


DG
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Redoma (Poema)





e eu que via tudo
tudo ao meu redor
eu que via tudo
tudo bem melhor


eu sabia tudo
em tudo era o sol
sabia tudo
todo o arrebol


mas se eu via torto
tudo estava morto
e eu, tolo, absorto
tudo como um porto


porto sem partir
nu espelho
sem você aqui
que medo?


...


com você aqui
desassosego
nem começo, nem fim
atropelo


só me resta esse chão
dos meus passos
funda em meu coração
descompasso


não me salvo
não me saibo
não me caibo
não me alvo


seta surda
cega, muda
muda de lugar comigo
sem você eu não consigo
com você, tudo perdido...


DG
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sábado, 10 de setembro de 2011

SER (Poema)







ser inteiro.
ser todas e ainda ser uma.
ser única.
ser plural
singular na excelência.
ser simples
simplesmente ser
ser
ser
(in)certeza de si
pra certeza que nos devora
(in)constância de ser
ser quem mais se adora...

DG
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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sonhos (Poema)




quem vive de sono,
de sonhos só vive
e a magia persiste
na fantasia que existe



se triste a realidade
não é chiste a felicidade
de quem vive de sono
e de sonhos só vive...



DG
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domingo, 21 de agosto de 2011

E o teu jardim?




MEU JARDIM


"Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
 Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
 Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores
 Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores



 Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho
 Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
 Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho
 Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho

 Estou podando meu jardim
 Estou cuidando bem de mim"

(Vander Lee)


nunca um encontro foi tão preciso...
é o único encontro efetivamente preciso, de que precisam todos.
estive comigo um dia desses, foi gratificante (depois da dor inicial, óbvio!).
problema é que depois desses momentos, 

          você não aguenta mais ficar com aquele que não é aquele, 
          mas outro que encena.
pra ver fantasia vou ao teatro, ao cinema.
na vida, eu queria sempre 'a vida'.
não a vida por detrás de panos translúcidos,
não a vida projetada nas sombras da caverna,
não a vida pintada com pincéis e cores escolhidas numa palheta,
a vida! aquela simples e essencialmente crua...
todo o resto são acessórios para "enfeitá-la" 

          para o agrado dos olhos no espelho turvo do egocentrismo humano.


DG
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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Ensaios (Reflexão)





"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."
(Charles Chaplin)
"Eu não penso em cortina se fechando, porque essa aí eu não vou ver mesmo. Morrer é para os outros, não para quem morre; porque quem morre não sabe." DG
Já fui do tempo que concordava. Com a idade, descobri que a vida permite ensaios sim.
Por isso, podemos namorar quanto quiser; casar quanto quiser; trocar de emprego quanto quiser; ir a lugares quanto quiser... etc.
Em cada uma das experiências, deveríamos adquirir o ferramental necessário para melhorarmos a atuação na próxima.
O que acontece, muita vez, é que retomamos do zero cada vez que algo "novo" se nos apresenta.
Sofrer é para quem acha que as coisas duram para sempre. Eu já não acredito mais nisso. Sofro o suficiente por alguma perda para a qual eu "iludi-me" que teria algum valor. 
Ninguém me ilude. Somente eu posso me iludir e acreditar em falsas promessas. Todas elas são falsas depois que você vive um pouco mais.
Não se pode dar o que não se tem. E o que se tem a gente descobre logo.
Se alguém diz que gosta de você, que essa pessoa demonstre. Dizer é fácil.
E se alguém que demonstrou e até tenha sido convincente, deixar de gostar; ora, ora, faz parte da vida mudar.
Eu também mudo e deixo de gostar; não posso exigir o que eu não possa dar: eternidade.
Tudo é finito. As alegrias e as tristezas. Apenas o marasmo e a quietude são infinitas. A pessoa escolhe se quer ficar na mesmice de uma vida sem emoções - boas ou más, quando vêm não se qualificam - jogando milho aos pombos na praça, ou quer efetivamente levar da vida o que ela possa oferecer de melhor.
DG
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domingo, 7 de agosto de 2011

Mentes (Poema)





Mulher mente             sorrateiramente
Homem mente                  descaradamente
Filósofo mente           sabiamente
Tímido mente                   desajeitadamente
Religioso mente          santificadamente
Religiosa mente                devotadamente
Policial mente             sangrentamente
Bandido mente                 delinquentemente
Médico mente             sutilmente
Político mente                   detestavelmente
Avô mente                  severamente
Empregada mente             domesticamente
Mãe mente                 soluçantemente
Vendedor mente               desvairadamente
Professor mente         satisfatoriamente
Namorada mente              delicadamente
Mecânico mente         sabotadamente
Cônjuge mente                 desinteressadamente
Amante mente            sentimentalmente
Canastrão mente               desavergonhadamente
Jornalista mente          sensacionalmente
Mágico mente                   desvanecentemente
Vidente mente             sensitivamente
Lúcifer mente                    demoniacamente
Cômico mente             sarcasticamente
Poeta mente                      deverasmente
Flagrante mente           subitamente
...
Entrementes                       dementemente
Quem vos fala mente   sempiternamente




DG
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Cíclica gênese (Poema)





Não fiques! Nem fixes! Não sejas!
Nem estejas, sugiro

Seu giro dá mais pr'outra volta
Revoltas? Prá quê? Seja leve
Releve, do que for, tudo quanto
Por enquanto, pairar no ar

Paira "noir" um "dejá vu" nonsense

Não sentes? Silente... ouvido
Ou vidro rompendo, barulho
Arrulho e um voo
Eu vou! Você não?
Se não, não me impeças

Não peças! Não quero! Não sou!

Estou. Aqui, você agora
Lá fora um mundo novo
Do ovo, estouro a casca
Descasca a pele. O pelo, penugem
Ressurgem. Renasço. Revelo

Desvelo no breu virgem

A origem da epifânica santidade
Sem ti, idade, sou translúcido
Tão lúcido, rarefeito
Raro efeito da branca bruma
Pluma de neve inventa a nova era glacial...


DG
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Sacrée nuit (Poema)



Alva noite, clara, inspira
Lua de prata no pólo sul
Entoa no firmamento ao longe
Suspiros... leniente devaneio
Sonhos, recantos, anseio


Alma boa, devota
Na imensidão do céu azul
Distância que perfaz e rompe
Rasga o efeito no horizonte lasso

A esfera d'ouro de um rei astro


Cinge-se de aura pura
Ao menor sussuro seu
Nada se lhe pode deter
Toca o sacro na harpa sutil
Em casta santidade pueril
Rica imagem na profusão
Onde o sagrado revela o coração


DG
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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Condicional (Poema)




Que venham todos os sonhos e ainda os pesadelos
Pois o viver isso tudo é simplesmente o que se deseja e quer


E tudo será sempre conforme nossos olhos enxergar
E todo o filtro de uma vida se resumirá 
nessa retina que me exibe 
somente o que meus desejos buscarem ver


E se eu desejasse alegria?
                    comigo satisfeito viveria
E se eu desejasse tristeza?
                    comigo se sentaria à mesa
E se eu desejasse a dúvida?
                    comigo andaria uma angústia
E se eu desejasse ser feliz?
                    comigo andaria o que sempre quis


E o que eu sempre quis fazer
e o que eu sempre quis dizer
e o que eu sempre quis mostrar


Então eu faria, então eu diria, então eu mostraria 
e o meu coração, enfim, pulsaria satisfeito por haver 
compreendido que da vida 
                    levarEI o que viver


DG
.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Faz de conta (Poema)





Faz de conta, então, que você me conhece
e a gente poderá viver mais feliz...
Faz de conta, então, que você me orienta
e a gente viverá como você sempre quis...
Faz de conta, então, que você me entende
e eu possa ignorar tudo que eu já fiz...
Faz de conta, até, que você possa me querer
e a felicidade estará por um triz...


E se não acontecer da felicidade chegar
será porque eu não terei contado direito,
porque eu seria errado do meu jeito
e do meu jeito nunca deveria ter havido,
porque senão, eu nunca terei aprendido
e de nada valera teu esforço
é por isso que eu sempre torço
muito para você me transformar
em tudo aquilo que você desejar
e sucumbir dentro de mim 
aquele por quem um dia você se encantou
porque se não me matar, não terá sido amor
e eu não terei sido o teu ideal , enfim
e "nós dois" não queremos o teu sofrimento...


DG
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sábado, 30 de julho de 2011

Sibila (Poema)





sibila, sibilantemente silva
salva, supera, subjuga, sugere


sibila, sibilantemente silva
sossega, sonolenta, sossega


sibila, sibilantemente silva
saracoteia, sacode, salvaguarda


sibila, sibilantemente silva
somos suas, suadas, somos suadas


sibila, sibilantemente silva
seremos, sois, suave


sibila, sibilantemente silva
suástica superpõe, supra, super


sibila, sibilantemente silva
silenciosa sibila, 
silenciosa sibila, 
silenciosa sibila


salva... salva... salva... 
salve... salve... salve...

DG
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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Silenciosa epifania - (Poema)





...e no silêncio da espera
engendrando quimeras
quimérica sinfonia
silente acorde
e acorda epifania


desperta na espera
revela-se quimera
antitética sinfonia
tétrica, acorde
desvela-se a epifania


reverbera eloquência
serpenteia demência
ricocheteia latência
redescobre carência


Impermanência
Impertinência
Inconveniência


Silencia... silencia... silencia...


DG
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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Intento - (Poema)





Emudeci-me...
confuso, sorriso mudo, perdi-te
emergindo você, dentre meus medos
cheio de dedos, 
tornei a tomar-te
entornei-te de sonhos
negou-me... onírica
ilusão cegou-me
tateou-te
lâmina virgem
numa cinza nesga
vespertina
DG

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