segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O tempo recolhe o que se esparramou

Ainda bem que o tempo recolhe tudo o que se esparramou e coloca-nos em direções de defensiva na hora certa, para não atropelarmos as razões e as emoções em investidas sem nenhuma estratégia.

Duas vidas caminhavam e duas vidas se cruzaram. Coisas da vida que nos leva conforme suas ondas de calmarias e tormentas. Às vezes, porém, as águas não se misturam de pronto e urge uma necessidade
imperiosa de um tempo para avaliações.

Todos somos objetos de uns por algum tempo e fazemos alguns de objetos nossos por outros tempos.
Assim age o ser humano, em busca aflita à suprir a necessidade de ser feliz unilateralmente, mesmo que não perceba que a busca seja pelo individual.


Somente o amor incondicional e incondicionado, o sentimento puro pelo prazer universal que nos complete na medida da necessidade humana autêntica e original nos redime; e não aquele a que acabamos por atribuir valor. Esse será abnegado e desprovido de insatisfação no final, porque nada espera, não há juízo de valor; há apenas o amor findando em si mesmo pela própria grandeza do bem querer e não pela pequenez de nossas estúpidas vontades frenéticas e efêmeras.

O gozo de uma vida não deve ser o ápice de uma relação, mas sim a própria relação continuada, preservada e perseverada com objetivo de uma satisfação de plenitude atemporal.
O momento não pode passar, apagar-se; mas perpetrar-se dentro de nossos estímulos, instintos e sensações mútuas.



DG
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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A morte (Solange Duarte) - (Poema)

A morte revela a impermanência das coisas,
Evidencia a ignorância primordial,
Revela-nos o equívoco do concreto,
Denuncia profundos apegos e desejos,
Presenteia-nos com o medo de perder
O que nunca se teve.

Assim o centro da Roda
Assim os três venenos
Assim a ilusão, o desejo, a repulsa
Assim se revela o impalpável
Assim a morte
Assim o renascimento
E novamente a Roda

Por diferentes caminhos andei
Diversos reinos percorri,
A certeza da superficialidade
que transforma em névoa amor e segurança.
Desconfiança, insegurança.
Ameaçada sobrevivência.
Ódio, raiva, inveja,
inteligência, criatividade.
Superação,
Transformação!!!!

Em cada reino
Em cada parte
Um pouco de mim se desfez
Um pouco de mim se refez

Em cada reino
Em cada parte
Um pouco de mim morreu
Um pouco de mim renasceu.



(Autora: Solange Duarte)
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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

“Liberdade de Expressão” passou a ser denominação para “achincalhar dignidade alheia”?

Liberdade de expressão existe para todo mundo sim, ninguém será espoliado de dizer o que pensa, se o fizer com compromisso, respeito e razoabilidade.
Mas, liberdade é responsabilidade e faltar com o respeito com as pessoas por diferenças étnicas, sociais, econômicas, culturais etc. não é liberdade, e sim, falta de educação básica.
Tenho acompanhado a xenofobia contra o norte e nordeste nas redes sociais, isso, ao meu ver, não é "expressão" é "falta de respeito".
Porque para "limpar o banheiro" das casas dos ricos, aí chamam os nordestinos, né; mas quando eles demonstram capacidade para alterar os desejos dos mais favorecidos, através da maioria que são, então passam a ser hostilizados?!?!
Se queriam tanto o Serra como presidente, por que razão os 21 milhões de eleitores que abstiveram preferiram viajar a cumprir com o "dever cívico"?
E tudo isso ainda pra dizer que eu não votei na Dilma. Eu fui às urnas e votei no Serra. Perdi. Vou quebrar a Avenida Paulista, como já fizeram algumas torcidas organizadas? Faz parte da democracia, como em qualquer disputa elevada compreender que o vitorioso será apenas um e será quem levará a melhor. Não será o poder econômico única e simplesmente a ditar regras. Esperemos que o governo de Dilma, PT etc. seja para todos, pois lembrem-se, depois que o poder está nas mãos, os compromissos "assumidos" em capanha podem "bater asas e voar", porque são livres para fazerem o que quiserem. Além disso, SP elegeu como deputado federal mais votado na história das eleições um nordestino analfabeto. São Paulo elegeu como senadores duas peças da corja acostumada a negociatas; e o 2º. lugar, Marta Suplicy, quase perdeu para o Netinho (argh!). E onde estavam os eleitores paulistas tão excelentes que deixaram um dos melhores candidatos a esse cargo nessas eleições perder, o Sr. Ricardo Young?
Será que o problema está lá no norte e nordeste ou na falta de seriedade do brasileiro que se diz preparado e culturalmente superior com coisas importantes?!?!? Porém, muito mais interessados em “Fazenda”, “BBB”, “Busão do Brasil”, “Cervejada e churrascada em happy hour e fins de semana”, “mulheres peladas nas revistas e sites pornôs”, “Funks”, “Pancadão”, “Micaretas”, enfim, toda sorte de aberrações a que chamam hoje, cultura (?)!
Achar que "expressar-se" é reclamar falando mal das pessoas e de um grupo através de chacotas indecentes e vis, desprovidas de qualquer razão, porque partem para o irracional, a briga, a contenda despropositada, um discurso depauperado, rasgado de argumentos fátuos e fundamentos vazios.
Parece simplista assim, mas não é. Então vejamos o contrário: Serra ganha e os lá de cima deveriam então calar a boca, porque os fortes daqui debaixo mandam?!?! Ou eles poderiam igualmente chamar a todos daqui com o mesmo tratamento pelos impropérios que andam recebendo, porque o povo daqui, como é muito aculturado e de nível tão elevado, receberia as pedras com decência e sobriedade?????
Se as eleições estivessem decididas antes do dia do pleito, por que haveriam as campanhas? Por que tanto "fala-aqui-fala-ali"? Por que tentar convencer as pessoas de quem é o melhor ? (Se bem que nessas eleições a briga foi para convencer quem seria menos pior.). As campanhas mostraram apenas os porões da indecência de ambos os lados. Brigar porque aborto deve ou não ser colocado na pauta, porque a religião, num Estado laico como o Brasil, passa a ser carro chefe de campanha?!?!? Para qual planeta discursavam os candidatos???
Claro que se pode comentar, expressar, mas o que se vê no twitter ou em outras redes sociais é playboy que preferiu ir surfar a votar, reclamando porque a classe pobre votou na Dilma. Isso já era mais do que esperado! Não se falava em outra coisa do que a possível vitória da Dilma. Foi a Marina que segurou o 1º. turno. Então por que não foram às urnas aqueles que julgaram melhor justificar o voto em outras cidades???
Eu sou contra a Dilma, já expressei isso diversas vezes, em Orkut, Facebook, Twitter; mas, ela ganhou. Assim como o Lula ganhou da outra vez e não se pode fazer nada. Pior, se reelegeu!
A 3ª deputada federal mais votada por SP foi a filha do prefeito corrupto de Barueri, Débora Furlan, (o programa CQC mostrou a bandidagem da quadrilha do pai dela com o irmão e sua corja), e mesmo assim teve os votos que teve. E estaria praticamente empatada com Maluf, outro a desfiar rosários de improbidades, que recebeu em torno de 500.000 votos. Mas eles são da classe A então ninguém fala, porque "pobre" não tem tempo de ficar no twitter para reclamar, estão trabalhando para os playboys twittarem bastante falando mal da família deles.
A questão não é expressão, é falta de educação mesmo e não venham querer “enxergar” de outra forma. Não há ponderações a fazer quando se parte para agressões. Se nas eleições de síndico do seu prédio ganhar a oposição, vão todos jogar "m..." no apartamento da família dele, vão xingá-los no elevador, vão segregar as pessoas no playground, salão de jogos, etc.??? E isso não seria falta de educação? Porque se não for, poderemos todos falar mal de quem quisermos a partir de agora, faltando-lhes com a dignidade, o respeito, a urbanidade, porque os twitteiros modernos passaram a julgar que isso pode ser considerado normal e o classificam como "liberdade de expressão". Viva a liberdade de expressão da Twitterland!
Esse povo tem muito que ler Sartre para entender o que é "Liberdade". Todas as implicações que esse termo carrega, seus compromissos, seus engajamentos.
Claro que receber uma "graninha extra" (como os bolsas qualquer coisas) é falta de educação, mais que isso, é falta de ética, é imoral, é falta de civilidade; entretanto, não está só lá no PT, não (que eu também passei a odiar depois que o PT virou Lulismo, porque essa é a origem do assistencialismo barato desse governo), todos os partidos - TODOS – aproveitam-se de alguma forma dos cargos e privilégios intrínsecos, de uma forma ou de outra. E o político que não rouba, sabe bem quem o faz, mas se cala e isso também é falta de ética e uma imoralidade com seus representados.
É o mesmo que um monte de gente falar mal dos grupos musicais que andam aparecendo, são péssimos; contudo, conseguiram arrebanhar uma legião de fãs e é porque os outros não obtiveram o mesmo êxito é que falam mal. Se fizessem showzinho no buteco do Zé, lá no mais extremo da periferia, ninguém falaria deles. Agora, quem gosta desses grupinhos sem graça e sem talento não é só a parcela pobre da população, mas muito e muito e muito das meninhas ricas e fúteis das classes A e B.
Quem sabe, ao invés de falar mal, que é muito fácil, as pessoas não começassem a fazer melhor suas partes, para que recebam o mérito.
A atual sociedade do espetáculo em que vivemos, que em detrimento do conhecimento verdadeiro, da competência, da excelência, só vive por aparências e imagens compradas à custa de marcas famosas por fora e muito espaço vazio por dentro da cabeça, tem demonstrado a derrocada de uma sociedade útil.
Hoje as pessoas que se mostram e aparecem em mídias e etc. são fúteis e são celebrizadas como se trouxessem ao cenário cultural alguma novidade, alguma importância para o aprimoramento do pensamento racional e razoável Os verdadeiros heróis estão pelas sombras.
Quanto mais liberdade, mais responsabilidade e não invasão e esculhambação da dignidade alheia.
Além do mais, PSDB é farinha do mesmo saco. Hoje não há mais ideologias nesse país, o que existem são dois grupos bem distintos separados pelos que "mamam nas tetas do governo" e outro que a cada quatro anos tenta ocupar seus lugares.
Veja a questão do salário mínimo, o valor federal é apenas o piso, todo Estado que julgar suficiente poderá implantar um mínimo superior. 16 anos de PSDB em SP e Alckimin fala de um salário de R$600,00 para os paulistanos? Por quê? Ele pode, está na lei, mas não o faz. E mesmo oferecendo um salário melhor, Serra não conseguiu convencer o povão. Parece que não é mais somente pelo dinheiro, mas a falta de fé nas pessoas que se tem deixado muito político de fora. Eu votei na Marina no 1o. turno e no Serra no 2o. Na última não foi por convicção, foi só para não anular o voto, que sou contra. Mas não estava satisfeito com nenhuma das duas propostas, que não trouxeram nada de novo além de repetir a mesma ladainha do “vou fazer isso...”, “vou melhorar aquilo...”. Tudo tarefa própria do governante, que ainda não fizeram para sempre poder prometer no futuro.
Veja a aprovação automática que o PSDB inventou para os alunos paulistas do ensino fundamental. Por que isso foi feito? Basicamente para aumentar os índices nos exames federais de "excelência", reduzindo a repetência, que era taxa de desmerecimento. Os alunos chegam à 8a série (atual 9º ano) praticamente semi-analfabetos. Lêem, mas não compreendem. Não sabem somar. Desconhecem as datas cívicas, não sabem o que representam os feriados nacionais. Não sabem das matérias estudadas, desconhecem a língua que falam, cometendo aberrações por onde deixam suas escritas, pela internet, em provas e exames, em correspondências, em formulários, em comentários nos posts em blogs etc. Isso é o PSDB de SP, não muito diferente do PT do Brasil.
Sou funcionário do judiciário paulista e há anos não há um centavo de reajuste salarial, nem mesmo recuperação das perdas inflacionárias. Nada! Aqui não se respeitam data-base da categoria, greves são silenciadas com muita paulada e descontos.
Essa discussão é tão inútil, porque no fundo, todos esses políticos que foram "opositores" vão, de alguma forma participar do governo, assim como já ocorrera no governo FHC, como foi no governo Lula. Se não fosse pela privatização das “teles” não estaríamos debatendo assunto nenhum pela internet, porque o serviço prestado pela empresa, enquanto pública, era de péssima qualidade. Se não fosse a privatização de algumas estradas federais agora no governo Lula, ainda estaríamos trafegando por verdadeiros “queijos suíços” que eram tais estradas. Onde o governo é ineficaz, não dá para tampar o sol com a peneira, tem que privatizar. Com a redução das empresas públicas, sobrou bastante tempo e dinheiro para os governos estaduais e federal cuidar melhor da saúde, educação e segurança... isso aconteceu? Não. Seja onde o Município se responsabilize, seja onde o Estado se responsabilize, seja onde a União se responsabilize, alguma coisa melhorou? Hospitais, escolas, policiamento? Acabou a corrupção e a ineficiência nessas áreas? Vivemos um “Eldorado” de oportunidades? Isso tudo considerando os diversos partidos políticos que governem cada uma dessas entidades jurídicas.
É sabido que sem os "acordos" entre situação e oposição, o governante não faz nada. Isso é básico na prática da política. Não deveria, mas ocorre exatamente assim e qualquer cientista político declara-o abertamente em palestras e entrevistas. Claro que os que agora falam mal da situação em que nos colocamos não têm tempo para ver programas sérios para se informarem adequadamente. Precisam viajar, baladinhas chiques, shopping center etc.
O que Lula fez foi continuar programas do FHC que eram bons e criar assistencialismo para se manter no poder. Claro que não é certo tais programas, no entanto, com a falta de empregos na indústria e comércio para ocupar a todos os “disponíveis”, fica fácil implantar tais aberrações. E o empresariado colabora com alguma coisa para conter o avanço do desemprego? Vejamos, vender lá para fora, exterior, “dispensa” o empresário de fazer sua parte social dentro do seu país; automatizar e mecanizar tarefas com o único intuito de reduzir funcionários, e não com o objetivo de modernização consciente da produção, favorecem a extinção de postos de trabalho; máquinas não consomem. Pessoas empregadas e classificadas como funcionárias é que consomem. Porém, como as empresas não precisam mais vender aqui dentro, porque o mercado está lá fora, dane-se o povo local. Eh! Pensamento com profundas implicações sócio-econômicas.
Sou radicalmente contra Dilma e toda corja a quem ela chama de companheiros, incluindo os amiguinhos internacionais, mas esse separatismo social imbecil que anda sendo propagado é uma das coisas mais estúpidas que o povo que se julga superior em cultura e conhecimento poderia alavancar. Ridículo! Ridículo! Ridículo!

DG
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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Encontros e Despedidas

Encontros E Despedidas Maria Rita
(Milton Nascimento e Fernando Brant)


Mande notícias do mundo de lá diz quem fica

Me dê um abraço, venha me apertar tô chegando
Coisa que gosto é poder partir sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar quando quero

Todos os dias é um vai e vem
a vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar

E assim chegar e partir
são só dois lados da mesma viagem
O trem que chega é o mesmo trem da partida
A hora do encontro é também despedida
A plataforma dessa estação
é a vida desse meu lugar
é a vida desse meu lugar
é a vida...

A vida, com seus encontros e despedidas, com suas idas e vindas e todas as pessoas no meio dessa estrada, dessa viagem, dessas esperas.



Algumas deixam para pegar o próximo e dormem nos bancos da estação; outras, não aguentando mais esperar o seu comboio, partem com aquele que já está na plataforma, acotovela-se, espreme-se, enfia-se em meio à multidão desconhecida.Aquele não era o seu trem. Sente-se estranho, sente-se fora do ninho. Sente-se só.

Mas, no bilhete da passagem não está indicado o número correto do trem, nem seu objetivo, e vamos nos deixando levar para destinos obscuros. De tal sorte que às vezes não nos reconheçamos em nós, caímos em crises de identidade e incertezas sobre as próprias capacidades.

Então, com os conhecimentos adquiridos, por liberalidade do destino ou não, pensamos ser úteis para alguma coisa e mais e mais estudos que não nos levam a lugar nenhum. Como o trem em que embarcamos, dá rodeios e sempre volta ao mesmo lugar. Cíclico e certo.

Com isso, concluo que o trem anda, anda, anda e sempre retorna ao mesmo lugar.É a vida desse meu lugar, é a vida desse meu lugar, é a vida..."

É a vida desse meu lugar, é a vida desse meu lugar, é a vida..."

E assim vou traçando um paralelo com a minha própria vida, de partidas e chegadas sempre ao mesmo lugar. Como um livro com capa dura, que resiste ao tempo; mas, com muitas páginas ainda em branco. Esperando para serem escritas. Cadê o lápis, a caneta, a pena? Sem pena.


DG
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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Caminhos do Amor - (Poema)

Queria poder revelar
Desejos secretos em mim
Mostrar-te os tesouros de um mar
Perdido em meus sonhos sem fim

Queria poder desfrutar
E ver muito mais que já vi
No ouvido depois sussurrar
Histórias de um povo feliz

Queria teu corpo abraçar
E nunca mais ter que partir
Na flor do teu beijo embalar
Segredos guardados pra ti

No espaço de um tempo sem par
Os olhos se encontram por fim
No peito um gemido refaz
Caminhos do amor que se quis

terça-feira, 17 de agosto de 2010

No desjejum

Hoje, mamy e eu tomámos café em nosso jardim de inverno localizado a leste da propriedade, às 4:00h da manhã.

O aroma dos grãos importados da Malásia e torrados ao norte do Canadá empestiava todo o ambiente.

Nosso civeta, vindo do sul da Indonésia, já estava exausto de tanto cagar o Kopi Luwak.

Esperávamos ansiosos que os serviçais terminassem o cansativo processo de decantação para que pudéssemos, enfim, iniciar as atividades gustativas.

Eram poucos, apenas sessenta, não havia necessidade, em razão do cerimonial ser tão informal, que todos se levantassem antes da alvorada, como fazem sempre no verão.

Ela trajava um casaco de pele de morsas albinas do norte de Teerã. Eu, meu robe de tecido com seda das lagartas virgens do sul do Paquistão.

Enquanto bebericávamos nosso desjejum, ela comentava sobre uma nova dor que florescia pelo seu flanco esquerdo e subia até suas costelas flutuantes.

Entre um gemido e outro pude entender que se tratava de uma nova aquisição que duraria pelo menos toda a primavera.

Finalmente, após duas horas agradáveis divagando enebriado pelo ópio do cansaço, pude colocar minha velha carcaça no meu leito Luiz XVI. Sem mais, conchilei.

(Autor: José Marin Neves)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

SEI - (Poema)


Sei
Tem muito que dizer
Tem muito que mostrar
Tem muito que fazer
Você acreditar
Você me perceber
Você se entregar
E nunca mais pensar
Que aquilo se perdeu
Que só você e eu
Havia de existir
Um outro ir e vir

Sei
Que muito se enganou
Que até falou de amor
Mas era uma outra dor
E tudo que se foi
Virou-se pra nós dois
E não se acreditou
No filme que mostrou
Que a Terra até parou
Pra ver você e eu
Mas tinha um outro adeus
Não foi nem seu nem meu

Sei
Quase tudo sempre
Que incomoda a gente
Tão indiferente
Quase que não sente
Outro mar distante
Quase num instante
Um troféu na estante
Um coração exangue
Na sensação que insiste
Noutra viagem triste
O "ser feliz" é chiste.

domingo, 15 de agosto de 2010

Em que acredito?

Vou dizer no que acredito. Porque em que não acredito é muito fácil: simplesmente não acredito em quase nada do que está à minha vista. São sombras projetadas na "caverna de Platão". São engodos preparados, consciente ou inconscientemente. Emboscadas.

Mas, no que acredito, isso é o que me faz garantir que esperarei - ou não - a abreviação da vida pelo Deus (que eu acredito e não o das religiões auto-contraditórias).
Acredito em um Deus gerador e fonte de todas as forças da natureza. Mas que nem pune, nem beneficia. Apenas cumpre o papel que a Si se deu, o de manter o equilíbrio universal. Por isso, a crença na reencarnação, porque as venturas e desventuras dessa vida seriam das coisas mais injustas se fossem apenas casuais.
Sartre, que acreditava na existência de um Deus, morreu ateu por não aceitar as iniquidades pelo planeta. Eu não chegaria a tanto. Porque se Deus realizasse todos os desejos, cada um teria que viver em seu próprio planeta. Os desejos humanos, em essência, são inconfessáveis porque o são aterradores.

Acredito no poder da inteligência. Todavia, inteligência não é acúmulo de informações técnicas, mas a capacidade de aproveitar dos conhecimentos pré-existentes para formular novos e salutares pontos de convergência para a paz universal. A mesquinhez da raça humana, infelizmente, permite pouco avanço nessa área - a da solidariedade.

Acredito que o ser humano é mal por natureza e essência e está nesse mundo para conter seus desejos mórbidos e aprender algo sobre a mútua conservação e a convivência pacífica. (Não acredito que esteja conseguindo...)

Acredito em mim e nas verdades que eu garimpo por aí. Às vezes sou levado a aperfeiçoar minhas verdades, a alterar seus rumos, isso é bem certo, mas quando sólidos e concretos fundamentos e novos argumentos sejam capazes de me impelir a horizontes ainda não explorados.

Acredito que a felicidade, essa sim não existe em nenhuma das formas que a dão; e ser feliz é iludir-se para não desacreditar totalmente na própria vida e seu juízo. A felicidade é a grande ilusão da vida, tão mentirosa e tão necessária, que sem ela o planeta já se acharia em completo abandono da raça humana. Ser feliz é enganar-se para preencher o nada de cada dia quotidiano. É criar histórias para si mesmo e se tornar nelas o protagonista de qualquer coisa. Não digo que não se deva iludir-se desta maneira; apenas reforço que é a minha constatação acerca do termo.

Enfim, acredito que o melhor remédio contra a insanidade total é qualquer tipo de ocupação que se proponha. A frase não é minha, mas de Orson Welles, e é tão verdadeira que é a causa real das inconsequências cometidas por membros da abastada classe dos mais favorecidos, por absoluta falta de coisa melhor para fazer.

Acredito em mim... mas só às vezes. Porque todos enganam e se enganam o tempo todo. Seja fruto de uma deliberação em engabelar, seja por falta de jeito para se mostrar de verdade e reconhecer-se em defeitos e sombras 'junguianas'.

Para finalizar, acredito que nada exista de concreto e que tudo é forjado à sua maneira, para sentir-se mais adequado à própria lei universal da existência material. O comodismo humano que se ajusta até mesmo às situações mais insalubres e desconfortantes apenas para não ter que se mexer; e se mexe apenas quando a sobrevivência está em jogo.

domingo, 27 de junho de 2010

Realidade e caos

Seguiam a passos firmes aqueles dois indivíduos. Um alto, forte, espáduas largas, aparentando quarenta anos. Trazia à cintura um revólver calibre 38, que o acompanhava sempre. Outro era baixo, franzino, com enormes suíças e expressão carrancuda. Também trazia à cintura o velho companheiro de batalhas, seu instrumento de trabalho, com o qual mantinha enorme intimidade, pois já era, com apenas seus vinte e nove anos de idade, o atirador mais habilidoso de todo o batalhão.

Ambos mantinham aspecto grave, parecia que nada pudesse alterar seus trajetos. Caminhando decididos em direção ao coreto, que ficava no centro daquela praça onde, outrora, passavam-se horas agradáveis aos sons das serenatas e declarações de amor improvisadas pelos galanteadores e seresteiros daquela época, oferecidas às suas musas inspiradoras. Hoje, porém, não sobraram nem alguns versos livres que pudessem fazer a alegria de alguns mais nostálgicos.

Tudo era um breu só. As trevas engoliam com voracidade alucinante toda a beleza das flores. Toda a poesia dos aromas que ficavam no ar, agora, era tragado veementemente pelas hordas do império negro. Não se podia enxergar além de uns poucos metros ao redor. O brilho dos sorrisos angelicais das almas femininas de outros tempos ficara para sempre esquecido no passado.

Hoje a realidade era cruel. Tão mais cruel quanto mais os dois homens armados aproximavam-se do local alvejado: o coreto central. Lá jazia, ainda com o sangue quente a percorrer o solo desgastado do antigo centro de atrações, o corpo de uma jovem. Aparentando dezessete anos, menor de idade, vivia nas ruas da agonia e do destino. Destino este que lhe fora imposto pela irresponsabilidade de ações atrozes dos seres humanos. Aquela jovem, ali inerte, como folha seca de árvore que, em determinadas épocas do ano, cai ao chão para misturar-se à terra, a qual lhe oferecera o seu melhor alimento. Era como os frutos degenerados pelos agentes nocivos da própria natureza, que os maculam e abreviam suas vidas a um curto espaço de tempo, privando-os de serem saboreados com satisfação pelos paladares mais apurados.

Agora era o fim. Talvez nem isto; ou o que é pior, só continuidade. O fato é que jazia mais uma vítima das selvagerias urbanas, que pelo "prazer" de alguns efêmeros minutos, geram vidas sem rumos, sementes inférteis, condenadas pelo próprio existencialismo. Que fazer? - Viver, talvez... Mas, será que poderemos tornar-nos tão insensíveis a ponto de ignorarmos o que acontece ao nosso redor? A violência banal e estúpida, cada vez mais despropositada, irracional - entretanto, cada vez mais humana -, está aí, nas ruas; virando qualquer esquina você depara com uma delas. Tão evidente e espontânea quanto o calor do sol. Esta violência que nos cinge a mente e a limita-nos a vivermos trancafiados a "sete chaves" em nossas casas, apartamentos, humildes barracos. "Os assassinos estão livres. Nós não estamos..." (Renato Russo, Legião Urbana, Teatro dos Vampiros).

O que sobrará de nós daqui a uma década ou o que seremos nós após este período? Para ambas as questões, a resposta é uma só: nada. Sobrará coisa nenhuma, seremos um nada, salvo se tomarmos providências já. Que providências, contudo, poderíamos tomar? Como agir? Unamo-nos e concentremo-nos nossos pensamentos e reais discussões numa só corrente e então descobriremos qual a solução mais exeqüível ao caso. Começando, por exemplo, por tratar as pessoas como gostaríamos de sermos tratados. É simples assim: você entrega gentileza e cortesia e a receberá de volta com satisfação. Ora, se quando nos tratam mal, não desejamos reagir na mesma via? Por que não tomarmos a iniciativa das boas ações? O que não se pode é ficarmos sem fazer nada.

“O mundo que deixaremos aos nossos filhos depende dos filhos que deixaremos para o mundo”. Frase dita no 2º Fórum Internacional Criança e Consumo. Esse é o foco hoje. Contardo Calligaris disse certa vez, com muita propriedade, "As crianças são adultos em férias". Pois, eles estão fazendo tudo que os adultos precisam conquistar para merecer, enquanto eles não precisam fazer nada e já o recebem. Onde está o sabor do mérito? Não há e não quer parecer-me que anda sendo tão urgente, uma vez que se recebe "tudo aquilo que eu não tive, quero dar aos meus filhos". Compreendo que devamos zelar pelo bem-estar físico e psicológico dos nossos filhos. Isso, todavia, não significa dar materialmente tudo que pedem. Nós não conseguimos materialmente tudo que queremos e do que precisamos! Cuidar desse bem-estar de que falamos é alimentar a alma com boas lições diárias para a firmeza do caráter, para a construção sólida da personalidade, exemplos de cidadania e respeito ao próximo. Isso, pasmem os mais céticos, trará inúmeros resultados positivos a uma vida feliz aos nossos filhos. E vida feliz de uns será vida feliz para muitos.

Muito bem ilustra essa relação de ética e atenção as cenas impagáveis e extraordinariamente interpretadas pelos atores Tony Ramos e Dan Stulbach, no filme "Tempos de Paz" (direção - Daniel Filho, roteiro - Bosco Brasil), em que a magia do teatro - e, por conseguinte o das artes - é capaz de despertar e incutir nos corações mais brutos e insensíveis o ideal de humanidade. Esse filme, sem erro em dizer, é uma verdadeira Ode de Amor ao Teatro que resgata e salva. Isso demonstra que cada um, a seu jeito, pode fazer alguma coisa para melhorar o que "parece" não ter mais jeito. Vamos respeitar as regras no trânsito para melhorar o tráfego de automóveis e pedestres; vamos respeitar a limpeza pública, para que todos caminhem por espaços agradáveis; vamos respeitar enquanto atendentes e atendidos nos comércios e órgãos públicos, para que todos alcancem seus objetivos em cada um desses lugares com dignidade. Não parece difícil. Mas, o mais importante disso tudo, é mostrar aos nossos filhos como nos comportamos em relação aos outros, para que eles tenham orgulho de se comportarem da mesma maneira respeitosa.

Não parar em filas duplas em frente às escolas, onde centenas de crianças ao ver tal atitude se perguntarão: por que todos estão na fila correta e aquele sujeito não? O que ele tem de diferente? Será que eu poderei agir assim também?
Não estacionar seu carro tomando mais que a vaga devida e demarcada, dando a oportunidade para que outros também possam utilizar aquele espaço, fazendo ver ao nosso filho e às demais crianças que o aproveitamento racional e o acatamento às regras melhoram a convivência entre todos os que necessitam e igualmente fazem jus àquela vaga.
Tratar com o máximo de decência a quem nos serve na prestação de serviço, pois esses profissionais vendem a força de trabalho e não a dignidade. Todos nós servimos e somos servidos em praticamente todos os momentos da nossa vida e nossos filhos precisam reconhecer que a função do ser humano é auxiliar seu semelhante, e que tratar com deferência faz parte de ambas as partes.

Por ora, enquanto as ações estão apenas na fase das idéias e ideais, prestemos atenção e reverenciemos a mais uma vítima da crueldade, da frieza, da hostilidade da raça humana. É mais um ente que nunca mais fará parte de nosso mundo, de nossas recreações, tão somente porque, mais uma vez, negligenciamos; permanecemos estáticos e sem o mínimo esforço deixamos as trágicas conseqüências da selvageria, que impera no universo, seguir seu triste e tão sórdido caminho, para um objetivo único: exterminar de vez com a pequena dimensão que ocupa hoje a paz em todo o mundo.

Não deixemos que novas vítimas sejam feitas, não deixemos que sejam levados de nós os entes queridos. Sejamos solidários, confraternizemo-nos; sejamos uma família só, construindo o nosso lar com flores, harmonia, pureza e felicidade autênticas. Respiremos o ar da liberdade. Abandonemos para sempre o oxigênio da angústia, da agonia, da depressão. Enfim, desmantelemos de vez toda e qualquer causa geradora de sentimentos atrozes e vingativos que nunca nos deveriam ter acometidos e que, se descuidarmos, poderá ser a nossa ruína total.

Ainda bem que existe o outro!

Para justificar erros, omissões e incompetência, ninguém melhor que o outro. E isto adianta?

Uma das coisas mais irritantes nas empresas é o perfil psicológico de funcionários que procuram eximir-se de suas responsabilidades, colocando a culpa nos outros.

Passar o "macaco", como dizem os americanos, e devolver a tarefa ao seu chefe ou aos seus pares, contando com uma das desculpas tradicionalmente aceitas na cultura das empresas brasileiras.

No Brasil, usa-se "passar o mico". Talvez este comportamento possa ser explicado, uma vez que é esse o processo natural de autodefesa contra uma chefia autoritária e burocratizada, onde não se admitem erros ou omissões.

O jogo de empurra-empurra é uma instituição nacional. Até mesmo os governantes utilizam-se desse expediente, pelo temor de tomar iniciativas que possam gerar polêmicas. O medo de criar caso faz com que o brasileiro diga "deixar como está, para ver como fica".

O tempo, muitas vezes, resolve por si só as questões, justificando assim a atitude preguiçosa das pessoas. Como a crítica destrutiva campeia facil, só anunciará a crença de que tomar qualquer iniciativa gera tantos riscos, que é melhor não fazer nada. Embora freqüentemente em administração de empresa, "mais vale uma decisão errada no tempo certo do que uma decisão certa no tempo errado".

Os conceitos populares arraigados na cultura do nosso povo são levados para dentro das empresas, gerando atitudes negativas no desenvolvimento dos negócios. Às vezes, o costume, a urgência, a hierarquia rígida, a confusão de funções, o excesso de autoestima e importância, geram a fuga da responsabilidade pela iniciativa. Daí a existência de uma verdadeira Tabela de Desculpas. Vamos a ela:

01 - Ainda não fui informado.
02 - Estou tão ocupado que não tenho tempo.
03 - Estou com tanto trabalho que não posso fazer.
04 - Não sabia que você tinha tanta pressa.
05 - Ainda estou aguardando a aprovação do chefe.
06 - Estou aguardando meu chefe chegar para perguntar a ele.
07 - Ninguém me disse que era para continuar.
08 - Sempre fiz dessa maneira.
09 - Como poderia saber que não era assim?
10 - Ih! Esqueci!
11 - Pensei que já havia dito.
12 - Achei que não era importante.
13 - Este não é meu trabalho.
14 - Não compete ao meu departamento.
15 - Não fui contratado para isso.
16 - Já era pra começar?
17 - Disseram que era pra fazer, mas não disseram que seria pra "eu fazer".
18 - Em vez de só esperar, por que não fez você mesmo?
19 - Falta-me conhecimento, só estou estagiando nesse setor.
20 - Se todo mundo sabia que era pra fazer, então por que ninguém fez?

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sinal dos tempos...

Ontem quando saí de casa, notei algo que me deixou intrigado. As pessoas passavam apressadas pelas ruas, umas pelas outras, sem se cumprimentarem, nem um aceno, nada!

Tão apáticas a tudo, tão isoladas num mundo íntimo, profundamente só.

Assim é a solidão. No silêncio reside uma das principais características desse estado mórbio de espírito. Mórbido sim! Pois a solidão pode ser tomada por uma doença. E somos todos sós, em essência. Mesmo aqueles que se refugiam no âmago de um grupo de pessoas, reunidas para espantar o medo vago da solidão.

Mesmo nessas reuniões, fortuitas ou não, encontramos o "estado só". Apenas o coração pode senti-lo. A felicidade é um estado de espírito, um instantâneo pessoal. A solidão, entretanto, é algo que existe, insiste e permanece nas entranhas do ser humano. Não há nada mais desalentador que se sentir sozinho numa tarde de sábado, falseada por um prazer inexistente em meio a "muitos". Encontrar-se isolado sobre uma cama fria, vazia e sem vida no fim de noite.

Toda essa situação tem origem no próprio desenvolvimento das sociedades.

Todos nós temos receios. Receio de sermos ludibriados, passados para trás; receio de nos comportarmos com lealdade e fidelidade e sermos os únicos a agirem assim ainda; receio de não acompanharmos o desenrolar dos acontecimentos; receio de não nos notarem, de não nos notabilizarmos; receio de não aparecermos mais que algum outro; receio de ficarmos para pagar a conta sozinhos; receio de não nos tornarmos célebres, ainda que sem mérito; receio de tudo, receios, enfim.

E, por causa dos receios não há recreios.

A própria estrutura social está se ruindo, esgarçando. Estamos nos afastando das recreações sociais. O mundo anda tão violento que não nos é permitido caminhar pelas ruas sem o temor de sermos assaltados a qualquer momento.

As jóias que as mulheres ganham de presentes no aniversário, Natal ou qualquer outra comemoração ou data especial passaram a ser adornos de cofres e não mais de pescoços, pulsos, dedos e tornozelos.

Bem, para concluir, chegamos à constatação de que isso tem um nome: progresso e civilização. Isso é o progresso e o desenvolvimento. É tudo aquilo que nossos antepassados ansearam para nós.

Não sei não, mas tenho motivos suficientes para acreditar que eles queriam mesmo é nos sacanear.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Trote em calouros na Unicamp.

Será mesmo que faculdade é sinônimo de mais cultura e educação?
Calouros humilhados novamente na Unicamp.
Link: http://tinyurl.com/3a5ko9d

Se os trotes em faculdade fossem ao contrário, ou seja, calouros humilhando os veteranos - que seriam os mais preparados para a vida (?)-, vá lá. Porque afinal, seriam as pessoas "menos aculturadas" e "menos educadas", não é isso, "alunos da Unicamp"!

É como diz uma frase célebre de Alexandre Herculano, que todo mundo já cansou de ouvir: "Quanto mais conheço os homens, mais estimo os animais".

O ser humano é mesmo a nojeira retratada no livro de José Saramago "Ensaio sobre a cegueira". Basta "julgar possuir" algum poder para acreditarem capazes de submeter outras pessoas aos seus caprichos bizarros.

Conhecimento, educação, cultura não nos privilegia a destratar outros; antes, nos torna mais responsáveis pela preservação da paz e convívio social. Que espécie de "sabedoria" se busca nas faculdades, afinal?!

Não é de se estranhar que os grandes gênios da humanidade passaram ao largo de atitudes tão vis e mesquinhas como essas, pois preocupavam-se com a construção de algo saudável e instrutivo do que a destruição mesquinha, pura e simples desses ditos "espertalhões".

E mais, sobre os trotes em faculdades como a Unicamp, seus alunos não são pessoas desprovidas do mínimo necessário ao aprimoramento cultural. Pertencem às classes ditas "elites". E elite no dicionário quer dizer "o melhor de algo". Essas pessoas são coisas de "o melhor de algo"?

Campanhas e mais campanhas até vinculadas pela internet para que o indivíduo trate com mais gentileza o semelhante e alunos de Ciência da Computação da Unicamp julgando-se "melhores" que os outros para a prática indecente de humilhações. Uns m*** impotentes que necessitam da violência para se acharem "respeitados", porque através da inteligência e do carisma isso nunca aconteceria; pois não os possuem.

domingo, 20 de junho de 2010

O tempo é o vento

O TEMPO É O VENTO

O leitor já foi informado do último computador, do último celular, do último MP qualquer coisa, do último I- qualquer coisa, tudo-tudo-tudo de última geração que acabaram de ser lançados? Não?! Epa! Já deixaram de ser os últimos lançamentos. Informaram-me agora mesmo que essas "esplêndias" máquinas modernas com avançadíssimas tecnologias já foram substituídas por "novas" - e vejam que aquelas foram anunciadas pela primeira vez na semana passada! E o que é pior, antes de terminar esse texto, já terão assumido o papel de ultrapassadas, antigas, obsoletas, "carroças". Nunca antes na história do mundo e dos homens (e não só na história desse país, como diz sempre um velho conhecido de vocês.), se obteve tanto material para historiadores. A todo instante surgem novos eventos. Fatos fartos; historiadores escasos.

Ultimamente falta-nos tempo para analisarmos os acontecimentos, refleti-los, desdobrá-los, esmiuçá-los, criticá-los e, quem sabe, talvez assim, compreendê-los. Já se tornou impraticável como na base de toda filosofia buscar a verdade única, incontroversa, incontestável, "verdadeira" (data máxima vênia aos incorrigíveis literatos de plantão ao pleonasmo aqui inserido. É que andam existindo tantas "verdades" pelo mundo...), através de métodos dialéticos e retóricos, que demandam tempo excessivo para proceder-se às buscas, pesquisas, estudos, discussões, debates etc.

A história escapa-nos e com ela os atos humanos ou naturais, efêmeros, passageiros, velozes, esvaem-se. Culpa de quem? Tua, caro leitor. Tu tens pressa demais; já não anda, voa pela vida. Deseja tudo "agora", anseia pelo sucesso, êxito e glória antes que seja tarde. Mas "o que é tarde"? O tempo é relativo. O que é tarde para ti pode ser demasiado cedo para mim e alvorada ainda para outrem.

A vida é curta ou tu a encurtas? Não corra, não te apresses a vislumbrar o fim. Sábios os ébrios, que titubeiam aqui, vacilam ali, estiram-se acolá. Olham para o céu, o firmamento gigantesco, implacável, inexorável, sempre azul - para os que não estão nas grandes cidades cinzentas, óbvio! -, o resplandecer de um novo dia, nova aurora, morosamente o astro-rei espreguiça-se por detrás dos montes (ele, o Sol, que conhece a vida dos séculos e os segredos do mundo, sabe que tudo acaba onde começa e que debaixo dele não há nada novo. Aliás, debaixo dele apenas ficam as ruínas, depredações, vírus criados em laboratórios - porque os naturais parecem não ser suficientes!

Essa, entretanto, já é uma questão científica. E como eu conheço e dedico-me à ciência tanto quanto o leitor empenha-se no estudo do sânscrito em braile, julgo ser o momento de tomarmos outro rumo. Um atalho para o fim. Afinal, tu, leitor, tens pressa de alcançar o fim da leitura para "aproveitar" melhor o dia, não tens?

Vá lá que tenhas, pois eu, por mim, já estou no limiar do epílogo, avistando a linha de chegada; mais umas palavrinhas e pronto. Pronto. Ah! Em tempo, como discurso de campeão no pódium, porque se tu chegaste a esse final, terá sido porque eu consegui vencê-lo com meu zigue-zague retórico.

De uma melancolia

Agora está escuro. A luz?... Apagou-se. O Sol?... Pôs-se além do horizonte, a percorrer novas fronteiras, a levar vida a outras nações, a levar a minha vida. Da festa somente sobraram restos; restos de tudo; restos de nada. Restos de comidas, de fogueiras, de músicas - melancólica música a soar em meus ouvidos, embalando-me numa agonia desesperadora. Há também resto de gente. Sobras que não fariam falta caso não existissem. Disso não sobram dúvidas: esse resto de gente sou eu. Ofereci a minha casa para que todos se divertissem. Vieram todos. Porém, agora, já não há viv'alma a me fazer companhia. Durante o tempo em que se dava a festa eu julgava que fosse querido por todos. Concluo agora, entretanto, que foi apenas uma lúgubre ilusão. Menti para im mesmo. A realidade que me cerca e que me exprobra, nesse momento, é somente o vácuo que me engole e estrangula-me a razão.

"Não sou ninguém." - ou será que devo dizer "Sou ninguém."?... Não importa. O que importa é que mais uma vez estou na solidão. Perdido no espaço em que minutos parecia ser tão reduzido em virtude da prsença de tantos convivas. Nesse instante afogo-me em delírios sem fundamentos - o que eu disse? Desde quando um delírio é, ou está fundamentado em alguma coisa? Supunha que se oferecesse uma festa, as pessoas tornar-se-iam minhas amigas e conversaríamos até o romper da manhã seguinte. Frustrei-me.

A amargura corrói-me por dentro. Tenho vontade de gritar, praguejar, imprecar contra todos aqueles que estiveram aqui e fartaram-se da minha comida, desperdiçando parte dela. Mas não posso gritar; não posso nem mesmo suster-me em pé. A voz perdeu-se no eco desta solidão. Sou apenas um vulto negro nesta escuridão que me esconde daqueles que ainda percorrem essas ruas ermas, quase sem luz. O brilho dos meus olhos ofuscara-se ao advento de mais um malogro. Serei eu um objeto do infortúnio? Da má sorte?... Não adianta... De que me serve formular questões, querer saber algo se não tenho nem mesmo com quem dividir esta tristeza que me subjuga e me aterra?

Que farei, senão esperara, pois que, amanhã será outro dia e como diz aquele insuportável ditado popular: "Nada como um dia após o outro." - Mas por que tem de haver uma noite no meio? Estirarei meu corpo sobre o solo frio. Gélido como a insensibilidade daqueles suciantes que me desterraram de alguma sepultura - que eu mesmo cavara -, para logo depois lançar-me por terra novamente. Ou talvez, não, gélido como a minha própria insanidade em oferecer tal evento, de retirar-me daquela cova em que me lançarei outra vez. Cá estou, souzinho. Nem a lua apareceu, nem as estrelas apareceram hoje; a noite está nublada; a coruja nem alçou seu vôo costumeiro; os pássaros não gorjeiam mais; o cão não ladra; e eu... eu não sei se estou vivo ainda ou se já parti para um outro mundo, sem o notar. Talvez isso explicaria a indiferença recebida.

O tempo estagnou-se. Como o tempo, o desejo de chorar, gritar, provocar um alarido qualquer também não passa. A minha voz, contudo, está presa, abafada pela frieza de uma existência sem felicidades, sem alegrias, sem cor, sem prazer, sem satisfação, sem nada. Vazia. Vazia no espírito, na alma, no corpo. Todos estamos condenados a esta solidão. POde tardar, mas ela não falha. Não falhou comigo; não há de falhar com ninguém! Por ora, afogo minha mágoa nas lágrimas que caem; são poucas, pois elas também se secam. Sou um espectro que se perdeu no mundo dos homens, incompreendido. Sou apenas mais um, entre tantos que tiram a própria vida apenas porque não os compreendem. Esquecem-nos. Deixam-nos abandonados à própria sorte. Mas, que sorte?

sábado, 19 de junho de 2010

Alguma mensagem

Se você tivesse a exata dimensão da vontade que tenho neste momento de te abraçar, você não estaria em outro lugar que não fosse em meus braços.

Se você pensar, eu completo. Se eu começar, você conclui. Somos parte de um mesmo plano de felicidade arquitetado pelos deuses. Somos um!

Te amo como não poderia amar mais ninguém. Te desejo de forma tal que, além de incluir o corpo, extrapola o limite do físico. Transcende a cognição humana, de um jeito que não há mais como negar. Agora quero ter você "bem mais que perto".

Quero nunca mais ter que pedir nem perguntar; quero apenas adivinhar e ser adivinhado.

Madrugada, sinto forte tua presença e aroma poéticos. Cresce em mim o desejo de estar contigo e cuidar de ti.

Por que toda vez que eu pego no telefone, é você quem chama? Por que toda vez que eu te ligo, nem toca e você já diz alô?

sexta-feira, 18 de junho de 2010

História dos apaixonados na Terra

Havia um lugar onde amantes eram apenas casais apaixonados que se desejavam e que se queriam mutuamente. Nesse lugar, a felicidade reinava perene e absoluta, não havia rainhas ou reis, apenas os corações comandavam os destinos daquele povoado. De tanta felicidade imperando, seus habitantes turvaram as vistas não percebendo que se fragilizavam em supor que todos poderiam ser bons o tempo todo.

Certo dia, um tirano solitário, achando-se consigo mesmo, arquitetou um infalível plano de acabar com aquela paz ludibriante e, então, após arrebanhar exército formado por peitos de aço e corações de pedra, dominou e sucumbiu a todos quantos por lá viviam.

Hoje esse lugar é habitado por malfeitores sanguinários. Os antigos pacíficos e apaixonados habitantes, todavia, num êxodo irremediável, espalharam-se pelo mundo. Alguns vieram habitar a própria Terra. Acontece, porém, que o modo como tiveram que salvar cada qual a sua vida, fez com que não se estabelecessem em pares e casais, como viviam outrora. A espécie povoou separadamente nosso planeta. A missão de cada um foi encontrar seu par ideal, sua verdadeira cara-metade. Para isso e para se certificarem que o encontro ideal se concretizava, ao se espalharem, o sopro divino da natureza encarregou-se de retirar uma porção de cada um e colocar dentro do outro, o par ideal. Destarte, reconhecer-se-iam ao primeiro contato. Somente aqueles com sensibilidade apurada poderiam perceber tais sensações, somente esses é que seriam os eleitos a reviverem tamanha bem-aventurança prodigiosa de outros tempos.

Deste modo, fica fácil reconhecer em alguns casais a predestinação conferida. Fariam parte de uma população de amantes apaixonados que se reconhecem ao simples toque das mãos, nos olhares mágicos e reveladores, nas preferências e características.

Quem pertencesse a esse mundo fantástico e colorido se reconheceria. Sentir-se-iam absurda e cegamente atraídos, não temeriam adversidades. O amor tornaria a reinar soberano sobre tais cabeças e sob os mandamentos do coração construiriam cada par e casal sua própria galáxia tal como o fora antes, sob as mesmas leis universais da natureza humana pacifica e harmoniosa. Paz e tranqüilidade reinando sobre cabeças dóceis e inocentes pela pureza de um amor autêntico e indissolúvel.

Cada encontro, porém, somente estaria previsto a cada ciclo de preparações e sob rigorosa bateria de exames e avaliações. Somente os preparados seguiriam adiante. Somente os escolhidos se beneficiariam do magnífico encontro arquitetado pelos deuses, o arrebatamento final, a grande e merecida coroa de flores, ricas em cores e aromas para formar, novamente, tal como já existira outrora, os mesmos casais apaixonados do mundo dos amantes. Aqueles pares que doravante, se tornariam inseparáveis para sempre.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O absolutismo absolutamente absurdo

O preconceito e a intolerância levam ao fundamentalismo
exacerbado, perigoso e criminoso.

Só a liberdade de expressão favorece o amadurecimento.
Quando apenas uma linha de pensamento procura dominar e cooptar as cabeças, estas deixam de ser
pensantes, para se alienarem e corroborarem a estupidez e a mesquinheza de algumas células da sociedade que se julgam propagadoras de sabedoria e norteadoras de condutas.

Dangerous!
Essa linha de pensamento linear, sistemático, improdutivo e fatalista busca a derrocada de todo o sistema democrático e da liberdade pura.
Muita atenção e cuidado com os que pregam um raciocínio singular e depauperado pela insana consciência de pseudo-orientação.
Ninguém melhor que você próprio(a) para saber o que é bom ou ruim para ti. Ninguém faz escolhas
por você. Ninguém experimenta por você.
Querem te subtrair a felicidade, mas não buscam amenizar tudas dores. A felicidade vem de dentro, as dores são provocadas pelo mundo.
Atenção! Cuidado! Falsos moralistas, falsos doutrinadores, falsos profetas, falsos conhecedores da verdade. O absolutismo é falso!
Então, quando te empurrarem o que ver, ouvir, ler, aprender, perguntem-se:

"Eles próprios aprenderam ou são meros repetidores?"

Não seja repetidor. Seja construtor. Da tua estrada, da tua vida, da tua felicidade, dos teus momentos.
O que serve bem para os outros, talvez seja muito bom para os outros.

O que serve para mim, deve ser avaliado somente por mim.
Ou então não serei autônomo.

Fantoches manipulados são para outras cabeças.

Saem amarras!!!
Nobody caught me!
Personne ne m'a pris!

Quando vejo pessoas ou entidades buscando promover idéias e ideais com o objetivo de ampliar as vias do debate, apóio e aplaudo.
Mas quando se utilizam de ferramentas como a internet para disseminar a segregação e a
contaminação por pensamentos unilaterais/extremistas, aí algo tem que ser revisto, repensado.
Ninguém possui a verdade única nas mãos.
A verdade não existe. É relativa e cultural. Dinâmica.
Então, vamos buscar sempre o que nos torna melhores e felizes. Ouvir e ler o que nossos olhos e
ouvidos escolherem. Optar pelos caminhos.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Por quê? - (Poema)

Por que rolo na cama e não sinto teu corpo,
você tão ausente, tua pele, teu cheiro, teu gosto e teus pelos tão distantes,
por que fico sozinho e nao tenho teus beijos, teu toque, teus carinhos?
Por que meus ouvidos nada escutam, teus gemidos, teus sussurros, teu grunhido,
tua voz doce que me acalma o coração...
por que, meu amor, me abraça e me beija, me acende e me enlouquece,
maltrata a minha saudade e vai embora,
parte me deixando só, tirando de mim o próprio chão que me sustenta,
por que me tira o rumo, a orientação, meu guia, minha luz,
por que me turva a vista e me apaga os olhos,
por que este tormento da tua ausência,
por quê?...
me diga por que não estás comigo agora,
que faz outro para te merecer ao lado,
se é meu amor que confessas preferir?
por quê?...

Ocaso de mim

(SOBRE O DIA DE TOTAL AUSÊNCIA)

Hoje compreendo o que significa um errante no deserto em busca aflita ao primeiro oásis.
A qualquer oásis.
O vazio que se instaurou em minha decrépita existencia, nesta data lúgubre, cujo silêncio se mortificou indelevelmente na minha alma assumiu contornos de ligeira e irremediável angústia.
Agonizando, tal qual um flagelado desesperançado, nada pude fazer, sem ação, nenhuma atitude que partisse de mim poderia hoje sacar-me deste torpor emocional.
Pereço e não há sequer um paliativo, um sedativo, um sucedâneo de você.
A monotonia dilacerou-me e lançou-me aos ventos que sopram para o oeste.
ocaso de mim.
Fim.

Noite apavora (inacabado) - (Poema)

Basta olhar pro céu agora
Que não mais verá estrelas
Toda a noite me apavora
Não há nada é só certeza
De que você foi embora
Me deixou naquela hora
Que me pediu amizade
Nem sequer ficou saudade
Será que fui algo um dia
Ou foi só falsa alegria

Amor, você me jurava
A felicidade inteira
Nossa busca se findava
No amor à nossa maneira
Nos seus olhos vi brilhava
Seu desejo que queimava
Mesmo instante que acendia
Ver romper um outro dia
Promessa de nova vida
Você era tão querida

Você era como um sonho
Que nutri por longa estrada
Percorrida em muitos anos

(...)

Amor de festim (inacabado) - (Poema)

Não sei se compreenderás
A minha angústia e o meu penar
Porque que insisto no sofrer
Se teu amor era festim
Que teve início, meio e fim
E a nossa paz fez se perder

Se havia pedras no caminho
Fui eu quem tropeçou sozinho
Estava cego de paixão
E aquela pedra derradeira
Se foi por trote ou brincadeira
Não merecia vir ao chão

Mas há de haver n'algum momento
Qualquer lembrança em qualquer tempo
Uma esperança suscitar
Trazer de novo a fantasia
Revigorante na alegria
E toda lágrima secar

(...)

Chama - (Poema)

Se um dia foi chama, se apagou?
Se já sentiu mesmo, foi amor?
Perdeu-se no vento que passou?
Qual sentimento nem chegou?

Será que foi uma tempestade?
Se foi, bonança agora incomoda.
Ao que chamamos felicidade
Hojé já pouco se nos importa

Mas você não atravessa a porta
Não diz mais nada, não liga mais
Já não diz coisas do coração

Será que foi acaso ou má sorte
Que nos roubou toda aquela paz
Assim se põe fim a uma paixão?

Declaração (Inacabado) - (Poema)

Tenho umas palavras pra te dizer,
Mas antes, sei que devo ressaltar
Que não pretendo vir a te assustar;
Que a vida, ao que parece, vai-te bem.

Peço que continues na leitura.
Do que te pareces declaração,
É somente uma outra contemplação;
Tornar a realidade menos dura.

Mas já não posso mais dissimular
Quão bem me faz a luz dos olhos teus;
Todo esse brilho intenso, o azul dos céus
Parece caber todo em teu olhar.

E ainda não é tudo o que eu preciso
Te dizer, então sigo sem demora.
Que já há chegado o momento, a hora,
Não sai de mim o doce em teu sorriso.

Não, por favor, não! Te peço, te imploro!
Não desistas de alcançar o final.
O que te suplico agora é banal:
Apenas prossiga... depois põe fora.

Meu relato não carrega intenções
De buscar em ti reciprocidade;
Não é meu direito essa veleidade,
Meros devaneios, sem ilusões.

Como te adiantei, logo de entrada,
Não te direi palavra a chatear-te.
Apenas permita-me contemplar-te.
Que mais pediria?... peço mais nada.

Tua angelical presença é ternura,
É água cristalina a voz que entoas.
São mistérios que só rio e canoa
Revelam em contato com a candura

És hoje pra mim mais que encantamento;
Povoam sonhos meus tua nobreza
De espírito, doce e terna beleza
Fina flor a encantar meus pensamentos

Houve dia em que o acaso me sorriu,
Reunida estavas com outras gentes,
E revelou-me em neutro ambiente,
Tua delicada graça gentil

Sem erros digo que não encontrei
Ainda pessoa com tal valor(?).
(...)

Soneto n. 01 - (Poema)

Olhar pro horizonte e só ver um vazio
Parece minh'alma perdida no chão
Carece de calma, diz o coração
Mas que calma nada, de paixão que eu preciso

Está me faltando encontrar um sentido
Sair sem destino, essa vida é a estrada
Viver pela noite, arrastar madrugada
Ouvir as histórias de um povo sofrido

Achar pelo mundo um amor de verdade
Vou correr atrás da tal felicidade
Deve haver no mundo quem viva sem dor

Eu sei, não apago a estrela da sorte
Que sem esse prumo até perco o meu norte
Meu entusiasmo é viver por amor

Essa estrada - (Poema / Song)







Essa estrada me condena
Pois sei mesmo a duras penas
Sempre encaro um novo amor
Talvez seja alguma sina
Esse encanto que fascina
De arrastar-me pr'outra dor


Mas um coração sofrido
Que não quer mais os perigos
Deveria se aprumar
Volta atrás do seu dilema
De insistir na mesma cena
Não se cansa de apanhar


Que será que me acontece
Que sempre que me aparece
Não consigo resistir
Será sempre amor bandido
Do que sai sempre ferido
Vai pro embate sucumbir


Desse jeito sigo em frente
Inda encontro muita gente
Que procura me ajudar
Seus conselhos adivinho
São palavras de carinho
Me tentando consolar


Mas qual nada, que consolo
Meu amor é como um tolo
Que faz outro gargalhar
Assim vou seguir sozinho
Procurando outro caminho
Sem dormir pra não sonhar


E na insônia não há nada
Só a densa madrugada
Com saudades sobre mim
Ao lembrar que noutra noite
Tive beijos como açoites
Do princípio até o fim


Quando então a luz apago
Desfaleço em leito amargo
Fecho os olhos pra esquecer
Bons momentos que passei
Tanta lenha que queimei
Tanto amor que fiz arder


Mas no peito ainda guardo
Qualquer coisa do meu fardo
Que me fere o coração
Nem por isso, não desisto
Acredito e no que insisto
É viver outra emoção.


DG
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